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Tecnologia permite desenhar sapatos à medida

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Tecnologia permite desenhar sapatos à medida


A marca portuguesa de calçado Undandy permite a cada consumidor personalizar os sapatos que compra online, mas o fabrico é todo artesanal.
A Undandy tem sido notícia pelo sucesso dos seus sapatos para homem, personalizáveis ao mais ínfimo pormenor. A empresa nasceu no mundo digital e aí faz 99,99% do negócio. Agora prepara-se para mergulhar na Indústria 4.0 e subir a fasquia.
 
Cerca de 40% dos clientes da Undandy regressam ao site menos de um ano após uma compra, para voltar a adquirir um novo produto da marca, uma taxa que orgulha Rafic Daud, um dos fundadores do projecto e actual CEO da start-up. 
 
Manter os níveis de satisfação dos clientes actuais e aumentar a capacidade para acolher novos está no centro da estratégia da empresa, que se prepara para dar um passo decisivo para a expansão, explorando o potencial da Indústria 4.0.
 
A Undandy nasceu há pouco mais de um ano, e dos 100 pares de sapatos vendidos mensalmente no arranque da actividade passou para 1.500 em mais de 100 países. Na relação com o cliente, todo o negócio é digital. Faz-se suportar numa plataforma online, na qual se podem escolher quase todas as componentes do sapato e criar um produto que, no limite, pode ser único para cada cliente.
 
A estratégia que tem ajudado a divulgar a marca e o conceito é toda ela suportada em marketing digital, mas no início da linha está o produto de uma indústria tradicional, que a marca está a adaptar aos desafios que o crescimento do negócio tem exposto.
 
O objectivo é manter o factor diferenciador – a possibilidade de personalizar o produto ao mais ínfimo detalhe –, sem comprometer prazos de entrega e mantendo os custos de produção controlados. Tudo envolvido numa experiência de compra que se quer melhorar continuamente.
 
Saem os intermediários, surge espaço para novas ofertas
Rafic Daud admite que o último ano tem sido uma aprendizagem e que a Undandy tem feito vários ajustes para se manter fiel aos objectivos estratégicos que traçou. O site já teve três versões e em meados de Outubro será lançada mais uma. Na plataforma online, a start-up já investiu 250 mil euros e a ideia é continuar a fazer melhorias e a aprender com a experiência, admite o empreendedor sem rodeios. Uma das novidades da versão que está para estrear é a possibilidade de ver o sapato em 3D, mas nos próximos meses será possível estar (virtualmente) ainda mais perto do sapato comprado.

A empresa estima que o controlo da produção ajude a gerar poupanças na ordem dos 20% e a acelerar o tempo de resposta a pedidos, das actuais duas semanas para uma.

 
O site é central na operação da Undandy e a peça que viabiliza o modelo de negócio desenhado pela marca. As vendas online permitiram eliminar todos os intermediários, desde que o sapato é produzido até chegar ao cliente, garantindo a margem necessária para que o produto chegue ao nicho que se destina a um preço relativamente acessível.
 
O próximo grande passo para a start-up portuguesa é controlar a produção do calçado que vende. O negócio tem vivido de uma parceria com uma fábrica com tradição no sector, mas o crescimento acelerado da Undandy ditou a alteração da estratégia.
 
"A fábrica surge como uma verticalização ao contrário", descreve Rafic Daud. A Undandy começou por controlar os módulos no topo da cadeia de valor e agora vai chegar à base. O objectivo é que a nova unidade traga ganhos de eficiência e contribua para reduzir tempos de produção, tirando partido das tecnologias que potenciam o conceito de Indústria 4.0 e da integração de processos.
 
A empresa estima que o controlo da produção ajude a gerar poupanças na ordem dos 20% e a acelerar o tempo de resposta a pedidos, das actuais duas semanas para uma. Tem outros planos para aproximar o cliente da marca e vai permitir que este acompanhe vários passos do processo, desde que a encomenda é feita até ser recebida. Ver o sapato a ser cortado e costurado estará entre as possibilidades.
 
A nova fábrica da Undandy representará um investimento de um milhão de euros e vai permitir produzir 200 pares de sapatos por dia. Estará a funcionar até final do ano e é um exemplo claro de como até as empresas nascidas num contexto completamente digital têm rapidamente de aprender a ajustar e a transformar o negócio, para manterem a competitividade e explorar novas oportunidades.


Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt;28.set.2017
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